A cidade de São Felipe, no coração do Recôncavo Baiano, comemora nesta quinta-feira, 29 de maio, seus 145 anos de emancipação política. Com uma trajetória rica em eventos e personagens marcantes, o município, que nasceu a partir das bandeiras dos irmãos Filipe e Tiago Dias Gato em 1678, é um verdadeiro tesouro histórico e cultural da Bahia.
Do nascimento à emancipação
A Vila de São Filipe foi oficialmente criada pela lei provincial nº 1952, em 29 de maio de 1880, desmembrando-se do município de Maragogipe. Sua instalação ocorreu três anos depois, em 25 de novembro de 1883. Conhecida por muito tempo como “São Felipe das Roças” devido à abundância de lavouras em seu entorno, a localidade expandiu-se a partir da Igreja Matriz, dedicada aos padroeiros São Filipe e São Tiago, e da “fonte do povo”, que por anos abasteceu a população.
Parte significativa do centro da cidade atual se desenvolveu a partir dos desmembramentos da antiga Fazenda Engenho Medrado, propriedade que pertenceu a Antônio Carlos da Rocha Medrado e, posteriormente, à sua filha Maria da Conceição da Rocha Moura e seu esposo Augusto Moura e Albuquerque.
Resistência e momentos turbulentos
A história de São Felipe também é marcada por episódios de resistência e turbulência política. Em 1931, após a segunda emancipação política e administrativa, o Major Carlos Moura e Albuquerque, então intendente, foi preso por se recusar a entregar o cargo e os documentos fiscais da prefeitura a Maragogipe, em desobediência a um decreto de anexação.
Entre 1936 e 1937, a cidade foi palco de um levante integralista. Em dezembro de 1936, a Ação Integralista Brasileira (AIB) tentou depor o intendente Carlos Moura, invadindo a cidade. A primeira invasão foi repelida pelas forças locais, com o apoio do Governo do Estado da Bahia, chefiado pelo interventor federal Juracy Magalhães. Contudo, em setembro de 1937, uma segunda e mais intensa invasão integralista resultou na prisão do intendente Carlos Moura, que foi forçado a renunciar. O integralista Theófilo Noya assumiu o cargo até novembro de 1937, quando a implantação do Estado Novo por Getúlio Vargas restaurou a ordem, e o Major Carlos Moura foi reempossado como interventor, função que exerceu até 1942.
Patrimônio e futuro
Atualmente, São Felipe se destaca por seu valioso patrimônio histórico e arquitetônico. Prédios como o Paço Municipal, a Igreja Matriz, diversos engenhos de cana (alguns em ruínas) e antigas residências urbanas e rurais contam a história da cidade e de seu povo.
Neste aniversário de 145 anos, São Felipe celebra não apenas sua rica história, mas também a resiliência e a identidade de um povo que construiu e preserva suas raízes no coração do Recôncavo Baiano.