A ilha de Boipeba vivenciou um de seus momentos mais emblemáticos no último domingo, 1º de junho, com a realização da tradicional Lavagem da Igreja do Divino Espírito Santo. O evento, um verdadeiro espetáculo de cores, cantos e profunda espiritualidade, reafirmou a solidez das raízes afro-brasileiras que moldam a identidade cultural da comunidade local.
A celebração teve início às 9h, com a concentração no Centro Cultural Jataipeba. De lá, um vibrante cortejo partiu, serpenteando pelas ruas do povoado em direção à igreja matriz. Ao ritmo contagiante dos atabaques e das vozes que entoavam rezas e cânticos ancestrais, os participantes seguiram em procissão, carregando flores, baldes com água de cheiro e bandeiras que representam orixás e entidades do culto afro-brasileiro.
Fé, Cultura e Resistência em um Rito Coletivo
Organizada pela Associação Culto Afro-Brasileiro de Boipeba, a Lavagem da Igreja do Divino Espírito Santo é um marco anual que entrelaça a tradição religiosa e a expressão cultural em um rito coletivo de fé e pertencimento. Mais do que um ato devocional, a lavagem se configura como um gesto de resistência e valorização das memórias ancestrais da comunidade, sublinhando o papel central da religiosidade afrodescendente na formação social e espiritual da ilha.

Um Encontro de Tradição e Turismo
Com o apoio das Secretarias Municipais de Cultura e Turismo, a Lavagem da Igreja do Divino também se consolida como um importante atrativo turístico e um espaço de visibilidade para as manifestações culturais de matriz africana. O evento promove um diálogo respeitoso e celebratório entre o passado e o presente da ilha.
Uma das integrantes da associação organizadora expressou o significado da cerimônia durante a lavagem das escadarias da igreja: “Este momento representa não apenas nossa fé, mas também o orgulho das nossas origens. É uma forma de manter viva a herança dos nossos antepassados”.
Entre flores, danças, incensos e águas perfumadas, a Lavagem da Igreja do Divino se consagra como um dos mais belos encontros entre o sagrado e o popular, renovando os laços de união comunitária e celebrando a rica diversidade espiritual de Boipeba.