Afastamento de Ednaldo Rodrigues da CBF acende alerta vermelho na Fifa por possíveis sanções

A decisão judicial que afastou Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) reverberou no cenário internacional, reacendendo o temor de severas sanções por parte da Fifa. A entidade máxima do futebol mundial possui diretrizes claras quanto à autonomia de suas federações membro, não tolerando interferências de terceiros, incluindo o poder judiciário. Esse imbróglio coloca em risco a participação de clubes brasileiros em competições de prestígio como a Libertadores e o Mundial de Clubes, e paira como uma sombra sobre a presença da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2026.

O timing da decisão judicial é particularmente delicado, ocorrendo durante o congresso anual da Fifa. Essa coincidência amplifica a visibilidade do caso e aumenta a pressão sobre a entidade para que se posicione formalmente. A punição mais provável seria a suspensão da CBF, uma medida drástica que impediria qualquer equipe brasileira, desde as categorias de base até o profissional, de representar o país em competições organizadas pela Fifa e pela Conmebol.

O fantasma da punição não é uma mera especulação. Em dezembro de 2023, um afastamento anterior de Ednaldo Rodrigues, também determinado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), motivou um alerta formal da Fifa à CBF. Na ocasião, a entidade internacional explicitou em sua notificação as potenciais consequências de uma ingerência judicial.

“As associações membros da Fifa são obrigadas a gerir os seus assuntos de forma independente e sem influência indevida de terceiros. Qualquer violação destas obrigações pode levar a potenciais sanções, mesmo que a influência não tenha sido culpa da associação em questão”, dizia o comunicado da Fifa em 2023.

Naquele momento crítico, a forte pressão internacional exerceu um papel crucial para que o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), reconduzisse Ednaldo Rodrigues ao cargo, afastando o risco iminente de uma paralisação do futebol brasileiro no cenário global.

A situação representava uma ameaça concreta para o Fluminense, que poderia ter sido excluído do Mundial de Clubes, e para a Seleção Sub-23, que se preparava para o Pré-Olímpico da Venezuela sem um presidente da CBF reconhecido pela Fifa para formalizar a inscrição dos atletas.

Agora, o cenário se repete, com um agravante significativo: a edição inaugural do novo Mundial de Clubes da Fifa está agendada para junho de 2025, e conta com a participação de clubes de peso como Botafogo, Flamengo, Fluminense e Palmeiras. Uma eventual suspensão da CBF resultaria na exclusão imediata dessas equipes do torneio, acarretando um enorme prejuízo técnico, financeiro e institucional para o futebol brasileiro.

Emilio Garcia, diretor jurídico da Fifa, expressou a gravidade da situação em 2023, após uma visita ao Brasil: “A CBF, o futebol brasileiro, estava em risco. Havia um risco muito alto de o Conselho da Fifa tomar uma decisão. Isso ficou descartado naquele momento, com a decisão do Supremo.”


O estatuto da Fifa, em seu artigo 14, estabelece que a Corte Arbitral do Esporte (CAS), sediada na Suíça, é a única instância competente para solucionar disputas internas de federações filiadas. A intervenção da Justiça comum, como no caso do TJ-RJ, somente é permitida após o esgotamento de todas as instâncias esportivas, o que não ocorreu no imbróglio da CBF.

As consequências de uma possível punição à CBF seriam vastas e impactantes em diversas esferas do futebol nacional:

Seleção Brasileira: Seria impedida de disputar amistosos, jogos das Eliminatórias e, em última instância, a Copa do Mundo de 2026.

Clubes: Seriam excluídos da Libertadores, da Sul-Americana, do Mundial de Clubes e de quaisquer outros torneios internacionais.

Base e categorias femininas: Também seriam afetadas, comprometendo o desenvolvimento de novas gerações de atletas no país.

Imagem: O futebol brasileiro, reconhecido mundialmente por suas cinco conquistas em Copas do Mundo, sofreria um abalo institucional sem precedentes, manchando sua reputação globalmente.

Fonte: Jornal a Tarde